EMPATE CULTURAL

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“A arte é o conhecimento, e a experiência da obra de arte torna este conhecimento partilhável” 

(GADAMER, 1997, p. 169)

Nesta semana comemoramos um ano de inauguração do Museu dos Povos Acreanos e 122 anos da dita Revolução Acreana, dentro da programação especial do museu aconteceu a inauguração da exposição “Hélio Melo e as Histórias da Amazônia”. Por isto discorro sobre este artista, relembrando e refletindo sobre trechos do meu TCC na graduação de arquitetura e urbanismo: “Enraizamento cultural às margens do Rio Acre”. 

Afinal, Hélio Melo certamente é um dos nomes de maior importância no cenário artístico cultural acreano. Ele foi um artista plástico e seringueiro, que retratava o seu cotidiano no seringal com recursos da floresta, desenvolvendo seus próprios pigmentos e pintando sobre diferentes superfícies. Chegou em Rio branco em 1959 e viveu o contexto de exploração econômica do trabalho do seringueiro pelos coronéis seringalistas e a migração para a capital com a falência da economia da borracha. Percebendo o desconhecimento da população urbana sobre o modo de vida do seringueiro, usou sua expressão visual e escrita para valorizar suas raízes e denunciar injustiças sociais e a devastação da floresta.

A obra artística de Hélio Melo possui uma postura muito pessoal com relação à arte, fruto de sua vivência. Retratando a temática da floresta e o seringal com um aguçado senso crítico, político e ecológico. No trabalho do artista, principalmente no período de 1978 a 1984, além de revelar relações de trabalho e modo de vida, é recorrente o ambiente mítico da floresta amazônica, com seres encantados como a Mãe d’água, o Caboquinho, o Mapinguari e muitos outros seres do folclore acreano. 

Sua arte pode ser adjetivada como Naife, Primitivista, ou mesmo Surrealista, pelos estetas acadêmicos, mas é sua condição como artista popular saído das camadas mais simples da população que impressiona. Assim como o típico artista amazônico, se é que podemos atribuir esta categoria, era polivalente e autodidata: também escrevia literatura de cordel, construía seus instrumentos musicais, contava histórias e posteriormente realizou palestras divulgando a consciência ambiental e sua experiência em práticas sustentáveis na relação com a floresta. 

A práxis de Hélio Melo como vivência de homem da floresta, sua divulgação da conjuntura da região e sua junção do ofício de artista com a missão educadora foi reconhecida no meio artístico nacional e internacional. O que lhe rendeu uma participação póstuma na 27a Bienal de Artes de São Paulo em 2006, cujo foco do tema era “Como viver junto”. Esta edição da bienal se inspirou no Acre e suas vivências como metáfora das possibilidades de convivência pacífica entre sociedade e natureza. 

Assim, estendo o convite a todos: se enraíze na nossa cultura e ocupe os espaços de arte e cultura na cidade. Se é possível sonhar, é possível agir, como fez Hélio Melo.

Andréia Farias é arquiteta e urbanista com especialidade em patrimônio cultural, além de fotógrafa e artista visual. Acreana com um pé no mundo, interessada em questões de arte, cultura e identidades na Amazônia.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL

O objetivo dessa coluna é centralizar e divulgar os eventos culturais na Amazônia. Começamos com Rio Branco, mas podem mandar eventos culturais de outras cidades acreanas ou de estados vizinhos, como Amazonas e Rondônia. Para ajudar nessa divulgação você pode fazer sua sugestão no formulário: https://forms.gle/5aA1bVLmBPFXx9cDA

Você também pode me contactar pelo instagram @_impar_ ou pelo email andreiafarias12@gmail.com. 

02/08 a 09/08

EVENTOS

Comemoração de 1 ano do Museu dos Povos Acreanos

A semana de programação especial vai de até 11 de agosto. Com exposições, roda de conversa, apresentações culturais e muito mais, segue a programação:

9 DE AGOSTO – SEXTA-FEIRA

Galeria Sansão Pereira
Das 9h às 18h – Exposição Hélio Melo

Átrio Catraia
Das 9h às 18h – Exposição Seringais
Às 16h – Café Passado (com Francisco Firmino e Tereza de Jesus – parteira, artesã e professora).

Auditório Florentina Esteves
Às 14h30 – Roda de discussão sobre Revolução Acreana e sorteio de brindes;
Profs: Odiceula Souza, Igor Araújo e Valmir Freitas)

Praça Meandros
Apresentação Banda de Forró Trio Parada Dura

10 DE AGOSTO – SÁBADO

Galeria Sansão Pereira
Das 9h às 18h – Exposição Hélio Melo

Átrio Catraia
Das 9h às 18h – Exposição Seringais

Auditório Florentina Esteves
Às 14h – Lançamento do Livro: Curar-se – O segredo da autocura no alcance das suas mãos – Moisés Matias

Átrio Catraia
Às 17h – Apresentação teatral

11 DE AGOSTO – DOMINGO

Galeria Sansão Pereira
Das 9h às 18h – Exposição Hélio Melo

Átrio Catraia
Das 9h às 18h – Exposição Seringais

Praça Meandros
As 16h30 – Vivências indígenas
Às 16h30 – Roda de Capoeira (Mestre Caju)



Feira do cajueiro

Muita arte, cultura, empreendimentos expondo seus produtos e o nosso contagiante samba de rua com o comando de @ditobruzugu 🥁. Começa a partir das 16h.

Data: 10 de agosto às 16h
Local: Pixel Burguer



Feira das Moças

Um evento gratuito que reúne empreendedorismo feminino e samba e será animado pelas Moças do Samba. 

Data: 10 de agosto às 19h
Local: O Casarão



Arraial da UFAC

A UFAC e o DCE, realizarão nos dias 09 e 10 de agosto Arraial com comidas típicas, bingos, shows, apresentações de quadrilhas e muito mais! 

Data: 09 e 10 de agosto às 18h
Local: Centro de Convenções do campus sede



TEATRO

Vozes do Seringal
A peça apresenta histórias contadas por pessoas que viveram nos seringais da região do Acre, homens e mulheres que com muita garra e luta, “construíram” o estado. Por meio das vozes de nossos avós, pais, mães, tios e tias que tiveram grande parte de suas vidas nos seringais, a peça transporta a plateia para o coração da floresta amazônica, onde as vozes do passado ecoam através de personagens que enfrentam as adversidades da vida nos seringais.

Data: 06, 07, 09 e 10 de agosto às 20h, gratuito.
Local: Usina de Artes João Donato



Mulher Vagalume

“Mulher Vagalume” é uma homenagem à mestra da cultura popular acreana Zenaide Parteira, feita pela turma do Curso Livre de Iniciação à Linguagem Teatral, da Usina de Arte João Donato. Maria Zenaide de Souza Carvalho, Zenaide Parteira ou ainda Parteira Empoderada, como é conhecida internacionalmente, inspirou com sua história a criação da dramaturgia do espetáculo. Dramaturgia essa que surgiu de forma coletiva e foi organizada pela artista educadora Kétila Flor. O espetáculo conta com a importante parceria feita com a turma do Curso Livre de Iniciação ao Figurino para o Teatro, ministrado pela professora mestra Jessiane Gisele. A partir de uma conversa feita entre ambas as turmas e Zenaide Parteira, é que se iniciou o processo de criação que será apresentado como finalização das turmas dos Cursos Livres do primeiro semestre de 2024 da Usina de Arte João Donato.

Data: 11 de agosto às 19h, gratuito.
Local: Usina de Artes João Donato



FACES DISTÓPICAS
O que pode um corpo decodificado estranho? O que permeia uma corpa travesti viva?

Transitando entre o que é real e ficção, Faces Distópicas narra momentos de loucura e sanidade que permeiam a vida de Fernanda, revelando as várias faces da transfobia e distopia social que atravessam o corpo vivo de pessoas trans e travestis na sociedade brasileira.

Em um mergulho profundo nas complexidades da experiência trans, apresentamos o espetáculo Faces Distópicas. Uma poderosa narrativa solo, onde uma atriz travesti nos guia através dos labirintos da loucura e da sanidade que habitam o corpo vivo de pessoas trans e travestis. Uma jornada intensa, emocional e profundamente humana. 

Não perca a oportunidade de testemunhar um espetáculo que transcende fronteiras e desafia convenções.

Realização: Coletiva Teatral Es Tetetas

Data: 10 e 17/08 às 19h30, gratuito.
Local: Teatro Barracão Matias



Fiandeiro de tempos
Coletivo Iluminar apresenta o espetáculo  “Fiandeiro de Tempos”, uma jornada fascinante pelas tradições e memórias, mergulhe na riqueza cultural do Acre

Data: 10/08 às 20h, 30 reais.
Local: Casa de Cultura do Ouricuri 



OFICINA

OFICINA DE INICIAÇÃO TEATRAL – FACES DISTÓPICAS

Realização: Coletiva Teatral Es Teteas
Para se inscrever na oficina basta acessar o link na bio do Instagram e preencher o formulário de inscrição ou também pelo celular 📲 68984010254 – Bia Berkman

Data: 24/08 às 19h30, 14h as 17h
Local: Teatro Barracão Matias


Escola de baques
Aulas de música, oficinas e práticas culturais, são algumas das atividades que serão desenvolvidas pela Escola de Baques através do Programa Olhos D’Água – Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura do @minc!

Teremos aula de dança no estilo dos forrós dos seringais acreanos com a mestra Zenaide @zenaideparteiraempoderada, roda de choro com o mestre Toinho do Violão, atividades com a @marujada_brig_esperanca, palestras, e aulas de música para crianças e jovens no bairro Irineu Serra e para a juventude indígena em contexto urbano.

Toda a programação é gratuita e acontecerá entre os meses de agosto de 2024 e maio de 2025, acompanhe nas redes sociais!

O Programa Olhos D’Água visa estimular e promover a descentralização dos processos de formação no campo artístico-cultural no território nacional e vai fomentar atividades formativas realizadas por espaços de educação não formais e aquelas propostas por artistas independentes, coletivos e grupos da sociedade civil, considerando a possibilidade de ampliação de repertórios e oferta de formação no campo artístico-cultural.



EDITAL CULTURAL

Fundo estadual de cultura

A Fundação de Cultura Elias Mansour – FEM, tornou público o Edital de Incentivo Direto à Cultura. Com o objetivo de selecionar projetos nas áreas de Artes, Patrimônio Cultural, Humanidades, Culturas Populares, Culturas Indígenas, Culturas Afro-Brasileiras, Culturas Urbanas, Artes Digitais e Visuais e outras manifestações culturais. 

Esses projetos podem abranger Produção, Formação, Capacitação, Pesquisa, Divulgação, Circulação, Intercâmbio, Preservação e Inovação. Os projetos selecionados devem contribuir para o desenvolvimento artístico-cultural dos 22 (vinte e dois) municípios do Estado do Acre, ampliando o acesso da população aos bens e serviços culturais, promovendo a inclusão social e a diversidade cultural, e apoiando a produção e a expressão cultural em suas mais variadas formas e linguagens.

Data: Até 21 de agosto

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