Esta senhora dos cabelos grisalhos é Dona Maria de Nazaré Santana da Costa, conhecida no rio Liberdade por Maricota, moradora da Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, em Cruzeiro do Sul. Ela confecciona, a partir de folhas de alumínio, tigelas para colher o leite da seringueira. Sua faca de seringa é uma das ferramentas de trabalho sempre por perto. Ela a herdou do pai seringueiro, o seu Raimundo Henrique da Costa, o Raimundo Albino. Sua família é descendente de nordestinos e indígenas – uma mistura bastante comum por estas bandas da Amazônia.
A família está às margens do rio Liberdade desde o início do século XX. Dona Maricota deixou o ex-marido com poucos anos de casamento, e sustentou os três filhos sozinha. Ia de madrugada para a mata com sua faca, balde, tigelas e espingarda para cortar seringa e, de lá, também já trazia o rancho: carne de caça. Mariscava (pescava) e fazia tarrafas (rede de pesca) para complementar a alimentação e renda da família.
Nos seus quase 70 anos, trabalha hoje em dia junto de seus filhos e parentes na produção de farinha de macaxeira. Sua casa está na comunidade Morro da Pedra, antigo Seringal Bom Futuro II. Apesar de todas as dificuldades que enfrentou ao longo da vida, mantém sempre um espírito perseverante e alegre, expresso em seu sorriso na imagem. Dona Maricota serve como exemplo e inspiração para nós, mulheres amazônidas!
Autorretrato
Sou amazônida com muito orgulho! Filha de uma preta da periferia da cidade de Belém do Pará com um ribeirinho do Nordeste deste estado. Sou nascida na região metropolitana da capital paraense, migrante durante muitos anos entre Pará, Rondônia e Acre. De formação acadêmica, licenciada em ciências biológicas, especialista em zoologia, ecologia e manejo da vida silvestre. Mestre em antropologia social pela Universidade Federal do Pará (PPGA/UFPA). Meus interesses pessoais e acadêmicos estão voltados para aquilo que faz a vida cotidiana pulsar e é importante a todos nós, aqui, no chão. No território!
Contato: tatisousa4backup@gmail.com