Para nós, moradores de Rio Branco, o rio Acre é emblemático. Foi às suas margens e barrancos que construímos a história de nossa cidade, a capital do Aquiry, como costumo chamar. Este processo de urbanização trouxe muitos impactos ruins para o manancial. Fora do perímetro urbano, quase toda a mata ciliar já foi desmatada para dar lugar à atividade agropecuária. Mas em suas margens também resistem os nossos ribeirinhos e seringueiros. Eles e elas conservam o modo de vida tradicional de quem vive e sobrevive na Amazônia, mesmo com os efeitos de uma cidade de porte médio ao redor. Para estes caboclos da capital, o rio Acre ainda é a principal fonte de sobrevivência, É por ele que escoam a produção de banana, macaxeira, melância, feijão e outros. Saem de suas colônias carregados do que foi colhido nos roçados para vender no mercado central, voltam com a feira do mês. Em meio a tantas pressões e agressões, nossos caboclos e o rio resistem – e isso para a nossa sorte. É preciso, urgentemente, trabalhar a sua recuperação e despoluição. Nosso passado e o nosso futuro fluem por essas águas barrentas.
Autorretrato
Sou Fabio Pontes, jornalista acreano, nascido e criado às margens do Aquiry. Conto as histórias de nossa gente e nossa terra por meio do jornalismo. Desde junho venho aqui conduzindo este batelão, que é a retomada do velho-novo Varadouro, o seu jornal das selvas. Nas horas vagas da vida me dedico à fotografia. Pelos fins de tarde, pego a máquina fotográfica e vou lá pela beira do rio, na Gameleira, registrar as vidas acreanas que fluem no ritmo das águas e dos banzeiros de nosso rio Acre.