Uma escola sem parede; um estado sem futuro

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Assistir à reportagem do Fantástico do último domingo (8), com as cenas de crianças da zona rural do Bujari estudando num curral sem paredes e sem assoalho, causaria revolta e repugnância em qualquer pessoa. Exceto aqui neste Acre – onde está o município do Bujari -, de uma sociedade dita moralista e conservadora. Essa mesma sociedade que passa o pano para um governo atolado em denúncias de corrupção, e que leva o estado a passos largos ao progresso do retrocesso.

Mas, graças a Deus, pelo menos não são mais os comunistas no poder. Quem se importa com crianças lá da zona rural escaldando no sol e tomando banho de chuva num curral transformado em escola? Quem se importa que o Acre retroceda em suas avaliações nacionais de educação básica? Quem se importa com pessoas amontoadas em macas nos corredores do Pronto Socorro?

PT nunca mais.

É melhor fazer uma caravana patética pela BR-364 e culpar o comunista Lula pelas condições precárias da rodovia. As condições são precárias não apenas na BR-364, na escola-curral da comunidade do Limoeiro, no Pronto Socorro. O Acre está numa condição precária. Como digo desde 2019, vivemos uma situação inédita de desgoverno. Não sabemos quem governa.

Desde 2019 temos um governador cuja principal estratégia para manter os governados sob controle é fazer uns passinhos de danças patéticas. Um governador que entrega muito circo – com shows pitorescos gratuitos – e nada de pão. Um desgoverno que faz o Acre regressar não só nos indicadores da educação, mas também de distribuição de renda e qualidade de vida da população, em especial dos mais pobres – que é a maioria de nossa sociedade.

Mas quem se importa? PT nunca mais. Deus, pátria e família. Anistia já!

No domingo, ao vivo e a cores, o Brasil assistiu a nossa tragédia acreana. Um espetáculo do horror. O caso da escola no Limoeiro é apenas um. Como aponta análise feita pelo Tribunal de Contas, no Acre temos mais de 250 escolas da zona rural sem saneamento básico. Se temos escolas sem parede e sem piso, o que dirá água tratada e rede de esgoto. É pedir demais, né?

O mesmo acontece com a educação indígena que, infelizmente, também é uma responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação. O problema não são os servidores qualificados. Os nossos professores dão o seu melhor. Como vimos domingo, além de educar, são merendeiros, eletricistas, encanadores e roçadeiros. Muitos até tiram do pouco salário que ganham para manter os colégios funcionando.

O problema está no andar de cima. Desde o Palácio Rio Branco até o comando das secretarias. Repito: vivemos um desgoverno. O governo não tem um projeto político de desenvolvimento para o Acre, estabelecimento de metas e resultados.

É tudo no improviso. Pessoas sem a mínima competência (incompetentes, na verdade) ocupam cargos estratégicos em instituições-chaves. Ocupam cargos por serem amigos do governador, filho de senador, irmão do deputado, cunhado do vereador.

E, assim, o Acre caminha para o buraco.

Qual futuro podemos esperar para um estado que coloca as suas crianças para estudar num curral? Se nós já vivemos um presente um tanto assustador e desesperançoso, imagina o que esperar quando vemos a nossa educação ser tratada como uma política de boiada – literalmente.

Em qualquer sociedade séria, o desgoverno de Gladson Cameli seria processado por violação de direitos humanos diante dessa situação.

Mas quem se importa?

Pelo menos não são os comunistas no poder.

O futuro? O futuro a Deus pertence!

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