Após estiagem extrema, Acre pode enfrentar nova enchente no início de 2024
Na manhã desta segunda, o rio Acre já ultrapassou a cota de atenção; Defesa Civil trabalha com hipótese de transbordamento ainda para o mês de janeiro. Novas enchentes podem acontecer menos de um ano após a grande cheia de 2023, quando um evento climático extremos provocou o transbordo de rios e igarapés. Em seguida, população acreana foi impactada por uma das mais graves estiagens das últimas décadas.
dos varadouros de Rio Branco
O Acre nem bem saiu de um estado de emergência ambiental por conta da grande estiagem de 2023, e já se prepara para enfrentar as enchentes de seus mananciais neste começo de 2024. Desde dezembro, intensas chuvas passaram a cair sobre o território acreano. As águas são necessárias para amenizar os impactos pela seca severa, mas agora há as preocupações dos efeitos de um novo transbordamento dos rios e igarapés – isso para uma população que ainda tenta se recuperar da grande cheia de março do ano passado.
Apesar de o rio Acre estar num nível tido como “seguro” – abaixo das cotas de alerta e de transbordamento – mas já acima da de atenção, as autoridades da Defesa Civil trabalham com a possibilidade de uma nova enchente já para janeiro. As previsões de chuvas intensas para o mês levam a Prefeitura de Rio Branco a planejar um plano de contingência. Apenas em 24 horas, o rio Acre subiu mais de três metros na capital. Ele saiu da marca de 6,98m no sábado (6), para 9,80m na manhã de domingo (7).
Já nas primeiras horas desta segunda-feira (8), o rio Acre estava em 11,20m, ultrapassando a cota de atenção. O elevado nível do manancial nas cabeceiras – além do acúmulo de chuva em Rio Branco – são os fatores a influenciar essa rápida elevação. Pelos parâmetros da Defesa Civil, a cota de alerta é de 13 m e de 13,50m para transbordamento. O dia mais chuvoso de 2024 foi 3 de janeiro, quando o acumulado de chuva sobre a capital foi de 99,5 mm – quantidade 10 vezes superior ao esperado para aquela data.
A chuva intensa daquele terceiro dia de 2024 lembrou, para muita gente, a grande tempestade registrada entre 23 e 24 de março do ano passado, quando mais de 170 mm foram registrados. Naquela data, os igarapés que cortam a cidade transbordaram – assim como o rio Acre e o Riozinho do Rola. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Na memória destas famílias ainda está o trauma de ver suas casas inundadas. Até hoje, muitas ainda batalham para recuperar seus móveis e imóveis.
O atual período de chuvas no sul da Amazônia Ocidental (o inverno amazônico) chegou com bastante atraso. Em novembro, quando deveria já estarmos no começo dos dias chuvosos, o Acre registrou ondas de calor e dias secos. Somente a partir de dezembro as primeiras gotas começaram a cair com mais frequência e intensidade.
O fenômeno climático El Niño é apontado como o principal responsável pela estiagem severa de 2023, que comprometeu a segurança hídrica e alimentar de milhares de famílias na Amazônia. Rios e igarapés alcançaram níveis críticos de vazante. Desde 2010, o estado vem sendo impactado por sucessivos eventos climáticos extremos. Das sete maiores cheias do rio Acre detectadas em cinco décadas de medições, três aconteceram entre 2012 e 2023.