Saber dos povos indígenas pode salvar o mundo, diz artigo científico

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Povos originários de Rondônia (Secom – Governo Ro)

Dos varadouros de Porto Velho

Um artigo da revista Science publicado na última quinta-feira (18) alerta para a importância de valorização do conhecimento, saber e ciência indígena. A publicação, que é uma das mais prestigiadas do mundo no universo acadêmico, afirma que os povos tradicionais possuem capacidade de apresentar soluções sustentáveis para os desafios da humanidade referente ao clima. E que o conhecimento dos povos tradicionais está nas suas terras e culturas.

O exemplo desse potencial foi utilizado pela Casa Branca para investigar, demarcar e gerir terras nos Estados Unidos. Algo histórico, considerando que o país não preservou memórias e promoveu apagamento das suas populações originárias. Na Universidade de Massachusetts, em Amherst, que é uma cidade no condado de Hampshire, foi criado o Centro para Trançar Conhecimentos e Ciências Indígenas (CBIKS). O anúncio foi feito pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA em setembro de 2023. O CBIKS desenvolve estudos sobre gestão de terras, água, natureza e cultura. 

“As equipes de investigação, espalhadas por todo o mundo, abordarão as perturbações climáticas, a insegurança alimentar e a sobrevivência cultural através da aprendizagem a partir de abordagens baseadas nas comunidades indígenas. O objetivo é identificar e promover modelos de integração ética e eficaz das ciências indígenas e ocidentais, criando relações mutuamente respeitosas e recíprocas entre elas. O CBIKS desenvolverá abordagens generalizáveis ​​para uma diversidade de comunidades científicas”, diz o texto traduzido. 

Iniciativas semelhantes estão acontecendo na Austrália, Canadá, Nova Zelândia, criando modelos de pesquisas a partir do conhecimento dos moradores da floresta. “Os povos indígenas lutam por ter voz nas decisões relativas às suas terras, águas e vidas. Os esforços de investigação liderados pelos indígenas apontaram para diferentes caminhos a seguir – aqueles em que os povos indígenas não têm apenas um assento à mesa da ciência ocidental, mas definem agendas de investigação que refletem as suas prioridades e protocolos”, diz trecho do estudo.  

O artigo publicado na Science diz que é importante apoiar as comunidades e seus conhecimentos indígenas, desde que haja consentimento espontâneo dos povos. “Os países devem promover políticas que apoiem, em vez de infringirem, a sabedoria, a soberania e os direitos dos povos indígenas. Para concretizar o potencial transformador desta abordagem, deve ser criado um clima que valorize o pluralismo e, ao mesmo tempo, proteja a soberania de diversos conhecimentos. Desta forma, podem surgir soluções da simbiose entre os conhecimentos ocidentais e indígenas que beneficiem a todos. Durante séculos, os cientistas indígenas tiveram que se adaptar e desenvolver fluência nos modos ocidentais de produção de conhecimento. Agora é a vez dos cientistas ocidentais aprenderem e respeitarem a ciência indígena”. 

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