Dos varadouros de Rio Branco
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), assinou na manhã desta sexta-feira, 28, decreto que estabelece situação de anormalidade ambiental na capital acreana por causa dos efeitos da seca extrema. Desde o começo do mês, o rio Acre encontra-se em nível crítico para junho, cuja média histórica é de 4 metros. Segundo dados da Defesa Civil, o manancial marcava 1,79m na manhã de hoje – quase um metro abaixo da cota de alerta máximo para estiagem, que é de 2,69m.
O decreto municipal se soma ao de emergência ambiental assinado pelo governador Gladson Cameli (PP) no último dia 11, também por causa dos impactos da estiagem severa. O decreto estadual foca tanto na questão de segurança hídrica quanto de combate às queimadas e incêndios florestais.
Em Rio Branco o verão mais intenso e prolongado para 2024 tem como efeito principal o comprometimento de acesso à água potável pelas comunidades urbanas e rurais. Ao todo, até o momento, 71 localidades convivem com a insegurança hídrica.
Na semana passada a prefeitura iniciou a Operação Estiagem com um mês de antecedência por conta do relato de algumas regiões da capital – sobretudo no campo – já não dispor de água nem para consumo humano. A Defesa Civil espera atender 20 mil pessoas e distribuir 30 milhões de litros de água em caminhões-pipa.
“O decreto permite que a gente faça com mais celeridade ações que já estão sendo desenvolvidas. Nós estamos abastecendo 32 comunidades com caminhões-pipa, cuidando também da parte de captação de água na parte urbana, em relação à ETA e ao Saerb, temos o projeto de perfurar poços para amenizar a questão da seca”, diz o tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil Municipal.
O rio Acre é a principal fonte de água para abastecer a população rio-branquense. O nível crítico de vazante compromete a captação pelas ETAs. Em entrevista recente, o diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, disse que a autarquia municipal tem condições de realizar a captação no rio Acre, mesmo que ele fique abaixo da cota de vazante mais crítica já registrada, que foi de 1,25 m, em outubro do ano passado.
Uma cidade de extremos
Rio Branco convive com a seca extrema três meses após ter sido atingida pela segunda maior alagação de sua história, quando o rio Acre alcançou a marca de 17,89m. Ano passado a população da capital acreana também já tinha sido impactada por uma grande inundação e uma estiagem intensa.
Saiba mais:
Em meio a eventos climáticos extremos, Rio Branco falha ao não implementar plano de mitigação e adaptação
Em 53 anos de medições, Rio Branco tem 42 registros de enchentes; prefeitura volta a decretar situação de emergência
Crise do clima e degradação do igarapé São Francisco deixam bairros de Rio Branco mais expostos a enchentes
Como o desmonte da política ambiental pelo bolsonarismo transformou capital do Acre num faroeste das queimadas