dos varadouros de Rio Branco
As análises de sensores que medem a qualidade do ar indicam que a última semana de setembro será mais uma daquelas para os rio-branquenses respirarem muito material tóxico oriundo das queimadas. Nas primeiras horas desta segunda-feira, 23, a concentração de material particulado PM 2.5 nos ares da capital acreana estava 28 vezes acima dos padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com os dados de sensor instalado no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), a presença de PM 2.5 estava, às 6h:20 da manhã, em 422 ug/m3 (micrograma por metro cúbico). No aparelho instalado na sede do Ministério Público – no centro da cidade – a quantidade era de 380 ug/m3. Já perto das 7h a contaminação aumentou. No sensor da Ufac ela foi para 448 ug/m3 e para 409 ug/m3 no prédio do MPAC. Por volta das 7h:30 o cenário ficou ainda mais crítico, quando o sensor da Ufac registrou uma poluição de 524 yg/m3 – o que representa uma exposição ao ar contaminado 35 vezes acima dos padrões estabelecidos.
Os dados são os mesmos da última sexta-feira, 20, quando a cidade ficou encoberta pela fumaça – outra vez. Em resumo, Rio Branco terá mais uma semana com o título mundial de ser uma das piores cidades do planeta para se respirar com qualidade. A OMS recomenda uma exposição máxima ao PM 2.5 entre 15 a 20 ug/m3. Ou seja, a contaminação do ar em Rio Brancco está muitíssimo acima do considerado normal para um ser humano respirar.
Ainda na noite de ontem já foi possível sentir o forte odor da fumaça das queimadas. Nem mesmo dentro de casa estava-se livre do incômodo. Para agravar, o fim de semana foi marcado pelo intenso calor – fator crucial para a prática de se queimar na Amazônia.
Ao menos desde o começo do mês a maioria dos dias em Rio Branco tem sido considerado ruim, muito ruim e/ou péssimo na qualidade do ar.
Se o nível de queimadas e incêndios florestais na capital e municípios do entorno (incluindo no Amazonas) permanecer da forma devastadora como se encontra, a tendência é de setembro de 2024 fechar como um dos períodos mais críticos na presença de partículas tóxicas nos céus do leste acreano.
Nem mesmo a ação civil pública ajuízada pelo Ministério Público para que o governo adote medidas mais rígidas de combate às queimadas parece ter intimidado quem persiste em tocar fogo. Queimadas estas que, a cada dia, ganham a faceta de ser uma prática criminosa e orquestrada.
Como apontou relatório emitido pelo Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (Labgama), da Ufac, a maior parte dos incêndios florestais observada hoje no estado concentra-se nos municípios do Baixo Acre. Além disso, há muito fogo detectado no município amazonense de Boca do Acre, cuja fumaça é transportada para Rio Branco pelas correntes de ar.