Cada balsa em atividade de garimpo emite cerca de quatro toneladas de poluentes pela queima de 1000L de combustíveis semanais. Além de uma contaminação de cerca de 1/2 quilo de mercúrio por semana; estudos da perícia técnica da PF demonstraram contaminação de ribeirinhos e populações originárias que vivem ou consomem água e peixes provenientes de regiões com alta densidade de dragas de garimpo de ouro
Dos varadouros de Porto Velho
A Polícia Federal em Rondônia, em ação conjunta com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), realizou no começo desta semana, a Operação Metal Líquido, a fim de combater a extração ilegal de minério de ouro no leito do rio Madeira em Porto Velho. A ação, que contou com a participação de 60 policiais federais de oito estados (RO, SC, AC, MS, PE, RR, DF e BA), quatro servidores do Ibama e teve o suporte da aeronave tática da PF, teve como resultado a inutilização de 144 dragas usadas pelo garimpo. Parte destas embarcações foi explodida.
O artigo 101, V, do Decreto 6.514/2008, traz a medida administrativa cabível em caso de infração ambiental, prevendo a destruição ou inutilização dos produtos, subprodutos e instrumentos da prática ilegal, a fim de prevenir a ocorrência de novas infrações, resguardar a recuperação ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo.
Além de coibir uma prática ilegal, a medida visa resguardar o meio ambiente e a saúde da população, pois o mercúrio, um dos elementos utilizados no garimpo para concentrar o ouro do sedimento dragado, é um metal pesado muito tóxico que se acumula nos organismos vivos causando danos irreversíveis ao sistema nervoso, podendo levar à morte.
O superintendente Regional do Ibama, Cesár Guimarães, ressalta que cada balsa em atividade de garimpo emite cerca de quatro toneladas de poluentes pela queima de 1000L de combustíveis semanais. Além de uma contaminação de cerca de 1/2 quilo de mercúrio por semana.
Estudos feitos pela equipe de perícia técnica da Polícia Federal demonstraram a contaminação de ribeirinhos e populações originárias que vivem ou consomem água e peixes provenientes de regiões com alta densidade de dragas de garimpo de ouro. Os índices encontrados foram três vezes superiores ao limite indicado pela Organização Mundial da Saúde. Não é somente o contato direto como mercúrio que é tóxico, o vapor pode se depositar na água do rio e no solo de suas margens.
“Conseguimos atingir o objetivo de minimizar a atividade de mineração nos rios do estado, que só causa prejuízos à população. Temos uma equipe altamente capacitada e apta para esse tipo de intervenção. Em 2021 foram destruídas 121 dragas, evitando a liberação de cerca de 450kg de mercúrio na natureza”, frisou a Superintendente Regional da Polícia Federal, DPF Larissa Magalhães Nascimento
O nome da Operação – Metal Líquido, é referência ao mercúrio, único metal que se encontra no estado líquido em temperatura ambiente e é amplamente utilizado na extração ilegal de minério no Rio Madeira. Esse metal é altamente tóxico e expõe o ser humano a contaminação, com diversos prejuízos à saúde. A utilização também afeta a fauna e todo o meio ambiente, com malefícios já comprovados cientificamente. (Com informações da assessoria PF/RO)