PF identifica desmatamento de 1,6 mil hectares entre Boca do Acre e Pauini

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Aproveitando-se da dificuldade de acesso, criminosos provocaram graves danos ambientais contra a Floresta Amazônica na Bacia do Purus, no AM (Foto: Ascom PF/AC)





De acordo com as investigações, outros 2,3 mil hectares queimadas foram captadas pelos satélites. Segundo a PF, o principal responsável e financiador dos crimes mora na cidade de Campinas, em São Paulo. Danos ambientais podem chegar a quase R$ 140 milhões. 10 mandados de prisão e apreensão são cumpridos em SP e no AM.


Dos varadouros de Rio Branco

A Polícia Federal no Acre deflagrou nesta quarta, 23, a Operação Dracarys, com o objetivo de combater uma rede criminosa envolvida em desmatamentos e queimadas ilegais na região sul do estado do Amazonas, na região dos municípios de Boca do Acre e Pauini. Durante as investigações, foram descobertos desmatamentos que suprimiram 1.672 hectares de floresta nativa situada em Gleba Pública Federal, além de queimadas que atingiram 2.368 hectares, resultando em danos ambientais estimados pelo setor técnico-pericial da Polícia Federal em aproximadamente R$ 138 milhões.

Além disso, o trabalho policial de análise das imagens de satélite, capturadas durante as investigações, revelou que as queimadas na área devastada contribuíram sobremaneira para as emissões que formaram as densas nuvens de fumaça que afetaram a qualidade do ar em vastas regiões da Amazônia até o início deste mês.

A operação cumpre 10 mandados judiciais expedidos pela 7ª Vara Federal da Justiça Federal do Amazonas, incluindo prisão, buscas e apreensões e cautelares diversas da prisão, nas cidades de Campinas, em São Paulo, além das próprias Boca do Acre e Pauini.

A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens móveis e imóveis de todos os investigados, incluindo o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de patrimônio, visando garantir a reparação dos danos causados ao meio ambiente, no montante acima informado (R$ 138 milhões).

O líder do esquema criminoso, identificado como o principal financiador e articulador das operações ilegais, reside em condomínio de luxo em Campinas. Ele, juntamente com outros envolvidos, está sendo investigado por crimes como desmatamento, provocação de incêndio, impedimento de regeneração da vegetação, falsidade ideológica e associação criminosa.

Tentativa de “esconder” o crime


De acordo com a PF, a área desmatada e queimada está localizada em uma região de difícil acesso, nos limites dos municípios amazonenses de Boca do Acre e Pauini, na bacia do Rio Purus, possivelmente escolhida de maneira estratégica para dificultar a ação dos órgãos de fiscalização ambiental.

Porém, a fiscalização feita a partir das imagens de satélites conseguiu captar o grave dano ambiental contra a Floresta Amazônica. A PF possui um sistema própria de análises e captação de imagens de satélite.

Esse isolamento favoreceu a prática reiterada de crimes ambientais, como o desmatamento e a provocação de incêndios, longe da vigilância efetiva das autoridades, facilitando a exploração predatória e a impunidade, e criando um ambiente propício para a realização dessas atividades ilegais em larga escala.

A palavra “dracarys”, nome da operação, significa “dragão de fogo” na linguagem ficcional da obra literária “A Guerra dos Tronos”, de George R. R. Martin. (Com informação da Ascom PF/AC)

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