O cartunista mineiro Ziraldo, que também foi notável como jornalista, escritor, criador de jornais e revistas (entre os quais o tabloide alternativo Pasquim e os quadrinhos Saci Pererê) mexeu com corações e mentes em todo o país ao falecer neste sábado, 6 de abril, aos 91 anos, no Rio de Janeiro, enquanto dormia em seu apartamento.
As crianças, principalmente, vão guardar para sempre a lembrança do autor do personagem “Menino Maluquinho”, que se espalhou em cartazes, quadrinhos, vídeos, livros e filmes, e agora é atração maior em museu interativo no Rio de Janeiro. Os estudantes e ativistas políticos, os intelectuais vão lembrar de seus cartuns irreverentes que mexeram com a ditadura militar de 1964 e provocaram sua prisão.
Prêmios e honrarias no Brasil e no exterior, bem como a tradução de sua obra em mais de sete línguas medem o quanto esse camarada nascido na pequena cidade de Caratinga produziu a partir dos 8 anos de idade.
O Acre também foi contemplado pelo sentimento atento e solidário desse, digamos, fecundo sujeito. Nos anos 70, como criador do Pasquim e sócio da editora Codecri, Ziraldo tomou conhecimento do Varadouro e doou exemplares de livros e fitas para ajudar nas despesas. E com seu parceiro Henfil, também excepcional cartunista, propagou no Pasquim o valor do nanico acreano.
Em 2010, Ziraldo produziu uma revista em quadrinhos com o personagem Chiquinho, para que crianças e adultos do país soubessem o porquê da luta de Chico Mendes e seus companheiros da floresta.
Quando eu vivi em Belo Horizonte, nos anos 60, acompanhava com empolgação os cartuns e cartazes com sua assinatura. Teve um cartaz que guardei por muito tempo, que expressava com força incrível a crítica corrosiva que Ziraldo expressava no seu desenho.
Era nada mais, nada menos, que o invencível herói americano Superhomem sentado num vaso, suando em bicas, experimentando a tragédia de uma pessoa comum com intestino preso.