O bom jornalismo político como resistência

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A Política na Floresta

Acompanhar e escrever sobre a política acreana sempre foi uma das principais marcas da minha carreira jornalística. Tive o privilégio de começar a escrita ainda nos tempos dos jornais impressos, e num dos momentos mais efervescentes da política, da economia e da sociedade acreana. Era ali entre o fim do governo Jorge Viana (1999-2006) e o começo de Binho Marques (2007-2010). Passados quase 20 anos, os tempos são outros na política acreana. Tempos tenebrosos. Temos um desgoverno paraalisado em denúncias de corrupção, instituições entorpecidas e uma sociedade anestesiada pelo fascínio do fascismo. O ambiente é desanimador, mas não podemos perder as esperanças. Aqui, volto eu para falar e dar pitacos sobre a nossa política acreana – numa esperança de que algo melhore.

Ontem e hoje

Enquanto o Partido dos Trabalhadores exerceu a hegemonia política do Acre, fui um severo crítico no exercício do jornalismo independente. E, pra ser sincero, eu era uma das poucas vozes a criticar o petismo. Postura que mantenho desde 2019, com a consolidação da extrema-direita bolsonarista no comando dos rumos do estado. E, sim, ela nos encaminha (mais e mais) rumo a um fosso azul que parece não ter fundo.

Porongas

Em meio a tantas trevas, vamos trazer um pouco de luz. Em meio a um ambiente de propagação de fake news, discursos de ódio e desinformação que se alimenta deste ambiente de terra de ninguém das redes sociais, o jornalismo independente e investigativo sempre pode trazer um pouco de luz. Um debate à luz da razão.

Varadouros que nos reconectam

E tenha a honra de voltar a falar com mais intensidade sobre a política acreana aqui nas páginas do Varadouro, um jornal que sempre foi o símbolo de uma resistência na luta por um Acre e uma Amazônia melhores. Um jornal que sempre denunciou as injustiças e as violações promovidas pelas velhas oligarquias acreanas. A missão permanece a mesma.

Apuração rigorosa

São graves as denúncias de uso e abuso da máquina pública por parte do desgoverno Gladson Cameli (PP) e de Sebastião Bocalom (PL) para forçar servidores públicos a estarem na campanha do prefeito bolsonarista – e ainda fazerem reuniões em espaços da administração estatal. Eles, que por tantos anos criticavam as gestões petistas por tais práticas, agora seguem o mesmo figurino. Tal postura requer uma apuração séria por parte do MP Eleitoral.

Fato ou fake?

O mesmo rigor e muito estardalhaço que a Polícia Federal fez para apurar a suposta denúncia de corrupção eleitoral pela candidatura de Marcus Alexandre (MDB). Quem viu o vídeo que baseou a denúncia percebe o cheiro de mutreta em tal prova. Por qual razão um candidato que lidera as pesquisas iria se sujar ao trocar votos por consulta médica? E tudo isso num ambiente cheio de cartazes da sua campanha? Santa paciência, senhores. É o tipo de situação montada por um concorrente para criminalizar o adversário.

O tempo voa – os buracos ficam

Em seu programa eleitoral, o candidato à reeleição, Sebastião Bocalom (PL), diz que quatro anos é pouco tempo para resolver os problemas de Rio Branco. Concordo plenamente. Ele falou que, primeiro, era preciso arrumar a casa. O problema é que Bocalom mais bagunçou do que arrumou o cafofo. O ”candidato do capitão” recebeu uma prefeitura com superávit nas contas, e a deixa com déficit. A casa já estava toda arrumadinha. Era só ele sair de seu mundo de caça a petistas/comunistas, e fazer gestão pública com competência .

Antes tarde do que nunca

Veio tarde, mas aconteceu. A ação de improbidade administrativa movida pelo MPAC contra a gestão Sebastião Bocalom (PL) por pintar todos os prédios e o patrimônio público da capital com as cores de seu mundo da fantasia: o azul. Tal prática – que também foi feita pelo desgoverno de Camelo – sempre se configurou um abuso, a apropriação dos patrimônios municipais pelo grupo político-partidário no poder.

Desaparecido

Réu no STJ por gravíssimos crimes de corrupção, o governador Gladson Cameli (PP) está desaparecido da campanha de seu novíssimo aliado, Sebastião Bocalom (PL). A dupla passou os últimos 4 anos igual a gato e rato. Cameli chegou a cobrar publicamente que Bocalom tapasse os buracos da cidade. Nunca o ajudou nisso, nunca desenvolveram projetos em parcerias. Agora, achando que temos uma bolinha vermelha no nariz, dizem que vão salvar o planeta.

Capitão de araque

Toda vez que assisto à propaganda eleitoral de Sebastião Bocalom (PL) e sua estratégia de se apegar à imagem de Jair Bolsonaro (PL) fico a me perguntar: qual o sentido de um candidato a prefeito se apresentar como apoiado por quem não ocupa mais a cadeira de presidente da República? De alguém que está inelegível e responde a muitos inquéritos na Justiça? Qual benefício isso resulta para Rio Branco?

Buraqueira

Vamos falar de mais buracos? Mas não são as crateras de Sebastião Bocalom na capital, mas as que atormentam a vida da população na BR-364, entre Rio Brancoe Cruzeiro do Sul. É verdade que muito já melhorou em comparação ao que foi deixado pelo desgoverno de Jair Bolsonaro (PL). Porém, ainda há trechos muito críticos. O pior está entre Tarauacá e o rio Gregório. É uma buraqueira medonha atrás da outra. O Dnit precisa agir imediatamente antes que chegue o período das chuvas.

Mitigar a crise

Nesta terça-feira, 17 de setembro, o gabinete da deputada Socorro Neri (PP) realiza o Seminário “Crise Hídrica no Acre: entre a seca extrema e inundações devastadoras”. Debate tão necessário em tempos de um clima extremo que afeta a vida de milhares de acreanos e acreanas – em especial a população mais vulnerável. Diante da inércia dos gestores públicos de adotarem políticas eficazes para reduzir os impactos da crise climática, é preciso, ao menos, realizar essas discussões para que um dia – quem sabe – as propostas nelas debatidas virem ações de Estado.

Crises políticas

Aliás, a deputada Socorro Neri é a fagulha de esperança do Acre numa bancada federal negacionista e ligada ao extremismo do bolsonarismo. Ela é a única a dedicar o seu mandato a debater a situação da crise climática que afeta e prejudica a vida de milhares de pessoas no Acre. O resto da bancada está caçando comunistas. Como eu falei lá no começo da coluna, reflexo dos atuais tempos sombrios da política acreana. Que tempos (e climas) melhores possam vir….

Até a próxima coluna, e nos encontramos por estes varadouros amazônicos!


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