Dos varadouros de Rio Branco
Foi confirmada na tarde desta quarta, 20 de novembro, a morte do ex-governador do Acre Flaviano Melo, que há duas semanas estava internado no Hospital Albert Einsten, em São Paulo. Liderança histórica do MDB, Flaviano tinha 75 anos de idade (completados no último dia 17), e enfrentava as graves consequências de uma pneumonia. Nas últimas semanas, o quadro clínico se agravou, e ele foi levado para a UTi. Seu organismo não conseguiu reagir ao tratamento, e veio a óbito.
Flaviano Melo deixa um histórico de importantes contribuições políticas para o Acre. Ele foi o primeiro prefeito de Rio Branco durante o processo de reabertura política do país, quando o regime militar aos poucos chegava ao fim. Ele foi indicado para o cargo em 1983 pelo primeiro governador do estado eleito à época, o também emedebista Nabor Júnior.
Já em 1986, com o voto direto, Flaviano foi eleito governador do Acre. Quatro anos depois, deu um passo a mais na carreira, ganhando uma cadeira no Senado, onde ficou até 1998. No início dos anos 2000, disputou e venceu a eleição para a Prefeitura de Rio Branco. Dois anos depois, abandonou o cargo para concorrer ao governo, mas foi derrotado por Jorge Viana (PT), que buscava a reeleição, numa das eleições mais polêmicas da história política acreana.
Durante os 20 anos de governos petistas, Flaviano Melo foi uma das principais e mais importantes vozes da oposição. Era apontado como um dos caciques do velho Movimento Democrático do Acre (MDA), aliança de partidos de centro-direita que se opunha à hegemonia do bloco de centro-esquerda Frente Popular do Acre (FPA), que ocupou o Palácio Rio Branco por duas décadas.
Sem conseguir eleições em disputas majoritárias, ele passou a ocupar cadeiras na Cãmara dos Deputados, onde teve três mandatos consecutivos (2006/2010/2014). Sempre liderou e exerceu forte influência sob os rumos do MDB, partido do qual nunca se desfiliou. Seu último ato político foi coordenar a campanha de Marcus Alexandre (MDB) para prefeito da capital nas eleições de outubro, mas foi derrotado por Sebastião Bocalom (PL).
Político de habilidades natas, Flaviano tinha a capacidade de dialogar e colocar à mesa as diferentes forças políticas do Acre – da direita à esquerda. A chapa de Marcus Alexandre, por exemplo, reuniu dos partidos clássicos da esquerda (PT e PCdoB) aos de direita (Republicanos). Está entre os políticos que por mais tempo ocuparam cargos eletivos no Acre.