Dos varadouros de Rio Branco
Em visita ao Acre nesta segunda-feira, 4, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esteve no abrigo em Rio Branco onde estão acolhidos os indígenas afetados pela grande cheia do rio Acre. A capital acreana concentra uma grande quantidade de indígenas, que passam a morar no centro urbano para estudar e trabalhar. Na maioria das vezes, vivem em bairros das periferias, em áreas de risco atingidas pelas constantes alagações do manancial.
O rio Acre amanheceu nesta terça-feira, 5, medindo 17,84m em Rio Branco – três centímetros a mais do que a medição realizada às 18 horas de ontem. Até o momento, o manancial não apresenta sinais de estabilidade. Com sua vazante em Xapuri, a tendência é de aumento de volume nas próximas horas e dias. Seu principal afluente dentro do município, o riozinho do Rola, também está em aumento de nível.
De acordo com os dados da Defesa Civil, esta já é a segunda maior enchente da história da capital acreana, atrás apenas da de 2015, que foi de 18,40m. Ontem, em menos de um ano, o rio Acre superou a segunda cota histórica registrada até então, que era de 17,72m, ocorrida em 3 de abril de 2023.
Os dados oficiais apontam para mais de três mil pessoas afetadas pela enchente em Rio Branco – entre desabrigadas e desalojadas (que foram para casas de familiares). Ao todo, 10 abrigos públicos são mantidos pela prefeitura e o governo estadual.
Na capital, os indígenas estão na Escola Leôncio de Carvalho, na Vila Acre. No abrigo, a ministra foi recepcionada pela secretária dos Povos Indígenas, Francisca Arara.
Além da ministra Marina Silva, a comitiva federal estava formada pelo ministro Waldez Góes (Integração Nacional). Juntos, anunciaram os reforços da ajuda do governo federal ao Acre neste grave momento de crise provocada pelas enchentes registradas em todas as suas bacias.
Durante a visita, Marina Silva destacou que os povos indígenas são os que mais preservam a floresta, mas também os que mais sofrem. “Os povos indígenas pagam o maior preço, mas não destroem. Eles são os que mais preservam. O que está acontecendo tem a ver com o desmatamento, as mudanças climáticas, que infelizmente os mais vulneráveis pagam o preço e estamos inteiramente solidários e trabalhando juntos. Primeiro para manter os povos indígenas nas suas terras, respeitar os seus direitos tradicionais, combater a violência e proteger nesses momentos difíceis em que toda a população é afetada”, ressaltou Marina Silva.
A secretária de Povos Indígenas, destacou a importância da visita para garantir a união de esforços em prol daqueles que perderam tudo com a enchente.
“Nesse momento é muito importante todas as parcerias que vierem, porque nesse momento, nessa situação caótica que nós estamos vivendo aqui no estado do Acre, precisam estar reunidas as instituições, sejam elas os ministérios, o Exército, a Defesa Civil, as prefeituras, o Estado, a sociedade civil, para a gente dar um fôlego, porque foi muita destruição. Então, é muito importante essa união, esse alinhamento, essa parceria para que a gente venha atender as pessoas que realmente são mais vulneráveis, que perderam tudo”, destacou Francisca Arara.
Coordenada pela Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas do Estado (Sepi), a escola Leôncio de Carvalho abriga atualmente 21 famílias indígenas, totalizando 121 pessoas atingidas pelas enxurradas e alagações. No geral, o governo do Acre estima que mais de 100 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes, sendo que, das 22 cidades, 19 estão em estado de emergência e 17 têm reconhecimento federal.
Além de Rio Branco, a ministra do Meio Ambiente também cumpriu agenda em Brasileia ao lado da prefeita Fernanda Hassem. Na Bacia do Rio Acre, o município é o mais impactado pela cheia histórica do manancial. Mais de 50% de seus moradores foram afetados, entre população urbana, ribeirinha, indígena e extrativistas. (Com informações da Agência de Notícias do Acre)