dos varadouros de Cruzeiro do Sul
A Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj) realizou, entre os dias 16 e 18 de janeiro, seu Planejamento Estratégico em Cruzeiro do Sul. O encontro reuniu lideranças e representantes de 13 Terras Indígenas do Vale do Juruá com o objetivo de definir estratégias para a proteção e fortalecimento das comunidades indígenas da região. Muitas das terras indígenas localizadas no Vale do Juruá estão pressionadas por atividades criminosas – tanto do lado brasileiro quanto do peruano. A retirada ilegal de madeira e o tráfico internacional de drogas colocam em risco não apenas os territórios, como também a sobrevivência e o modo de vida tradicional das populações indígenas.
Lucila da Costa Moreira, representante do povo Nawa, destacou a importância da organização social para a recuperação da identidade e cultura de seu povo. “Nosso povo, por cem anos, passou por transformação. Eles não se identificavam realmente quem era o povo Nawa, por medo. Hoje o meu povo canta, as crianças na escola cantam, nós sabemos o significado em nossa língua. Pra mim, foi um avanço muito grande que nós tivemos” relata Lucila, refletindo sobre a jornada de resiliência e renascimento cultural do povo Nawa.
O evento também ressaltou o papel vital da Opirj na sustentação das comunidades indígenas. Lucila enfatizou: “A Opir é a nossa organização… foi criado por nós.” A organização, enfrentando desafios de recursos no passado, agora vê uma nova fase de desenvolvimento e apoio.
O Planejamento Estratégico da organização visa fortalecer a gestão territorial e ambiental das Terras Indígenas do Vale do Juruá. Durante os três dias de evento, lideranças delinearam uma visão de futuro e planos de ação. Francisco Piyãko, Coordenador da entidade, afirmou: “A Opirj tem que ser sólida, como uma rocha”, simbolizando a força e a estabilidade que a organização busca alcançar.”
“Estamos plantando uma semente na alma e espírito das pessoas para que nossa região seja próspera. Só vai ter sustentabilidade se isto estiver no compromisso de cada uma das pessoas,” definiu Piyãko, destacando a importância do envolvimento coletivo para o sucesso da iniciativa.
O evento foi encerrado com um sentimento de gratidão e esperança. “Esse trabalho marca o início de um tempo diferente. Vamos ter que fazer um esforço grande para que a gente transforme essa região do Juruá, coloque essa região numa posição estratégica para se defender e desenvolver.” disse o coordenador, ao ressaltar o compromisso com o desenvolvimento sustentável de uma das regiões mais bem preservadas, mas ao mesmo pressionada da Floresta Amazônica.
O Planejamento é uma atividade do projeto “Gestão Territorial OPIRJ”, uma iniciativa desenvolvida pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), em parceria com o Fundo Amazônia, gerenciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O projeto tem como objetivo principal promover a gestão territorial e ambiental sustentável das Terras Indígenas localizadas no Vale do Juruá.
Em novembro, as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) estiveram em Cruzeiro do Sul para assinar o contrato do Fundo Amazônia com a Opirj. Ao todo, foram destinados R$ 33,6 milhões para a execução do projeto.