dos varadouros de Rio Branco
Os povos indígenas cujas aldeias estão localizadas na zona da fronteira Brasil-Peru, nas regiões do Alto Juruá/Yurúa/Alto Tamaya estiveram reunidos no município acreano de Marechal Thaumaturgo para debater estratégias unificadas de proteção dos seus territórios. Apesar de ser uma das regiões mais bem preservadas da Floresta Amazônica dos dois lados da fronteira, ela é bastante pressionada pela atividade madeireira, o tráfico internacional de drogas e projetos de infraestrutura. O mais conhecido é a construção da rodovia entre as cidades de Cruzeiro do Sul e Pucallpa, a capital do departamento peruano de Ucayali.
O encontro, realizado entre os dias 28, 29 e 30 de outubro, reuniu treze povos indígenas dos dois países. Juntos, eles debateram a importância de promover o intercâmbio de estratégias de proteção transfronteiriças locais, regionais e binacionais, além da construção de propostas comuns para a proteção da região Alto Juruá/Yurúa e Alto Tamaya. Outro ponto abordado foi um maior envolvimento e o trabalho das mulheres na Comissão Transfronteiriça, assim como o papel delas na proteção territorial como um todo.
Um dos pontos debatidos foi a criação de um Comitê de Vigilância na região transfronteiriça, mais a elaboração de estratégias para defesa e proteção das cabeceiras do Rio Amônia. O manancial é um dos principais corredores de integração entre os povos indígenas dos dois países. Os Ashaninka, por exemplo, possuem aldeias localizadas tanto do lado brasileiro, quanto do peruano.
Por muito tempo, as cabeceiras do Amônia foram impactadas pela extração ilegal de madeira dos dois lados da fronteira. No Brasil, o problema persistiu até a metade da primeira década dos anos 2000, quando grandes operações para expulsar os invasores foram desencadeadas.