GOVERNO SEM FLORESTA

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Em 16 anos, gestão Gladson Cameli tem as maiores taxas de desmatamento do Acre

Simpático ao agronegócio e responsável por desmonte das políticas ambientais, Gladson Cameli deixará herança maldita para a Amazônia (Foto: Secom AC)



Dados do Imazon analisados a partir de 2008 mostram que, a partir da eleição do governador bolsonarista, em 2018, Acre apresentou taxas recordes de devastação da Floresta Amazônica. O ano mais crítico foi 2021. Desmatamento acumulado durante seu governo chega a 3.711 km2. Em janeiro, Cameli assume a força-tarefa internacional dos governadores pelo clima.

Fabio Pontes
dos varadouros de Rio Branco

Eleito em 2018 com a promessa de desburocratizar e flexibilizar as políticas ambientais para impulsionar o agronegócio, o governo do bolsonarista Gladson de Lima Cameli (PP) é o mais desastroso para o Acre quando o tema é a preservação da Floresta Amazônica. Em 16 anos de análises sobre as taxas de desmatamento do bioma no estado, o período entre 2019 e 2024 registra as maiores áreas de cobertura florestal derrubadas. O ano mais crítico foi 2021, quando o Acre viu ir ao chão 888 km2 de mata. Ao todo, desde a chegada de Cameli, o desmatamento acumulado chega a 3.711 km2.

É o que aponta o mais recente boletim do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), divulgado nesta quinta-feira, 19, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os dados levam em consideração as áreas desmatadas entre janeiro e novembro de 2008 para cá. Como se vê no gráfico abaixo, é exatamente a partir da eleição de Gladson Cameli para o governo que o Acre presencia o crescimento recorde na devastação de seu bioma.



Para piorar a situação, a eleição de Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência da República piorou ainda mais a situação. Juntos, Bolsonaro e Cameli conduziram a política de abrir a porteira para a boiada passar, ocasionando um desastre ambiental para a Amazônia não só no Acre, mas em toda a região.

O estado voltou a registrar reduções a partir de 2023, com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, o que obrigou o governo Gladson Cameli a mudar sua postura em relação à política ambiental do Acre. Mesmo com a queda, as taxas ainda permanecem bem acima da era pré-Cameli.

O grande passivo ambiental do governador acreano é confirmado não só pelos dados do Imazon, como também do Prodes/Inpe, que é a base oficial usada pelos governos. Mesmo com toda essa herança maldita para a proteção da Amazônia, Cameli assume, a partir de janeiro, a presidência da Rede Global de Governadores para o Clima e Floresta, conforme divulgou a Agência de Notícias do Acre, órgão oficial de comunicação do governo Na ocasião, Cameli anunciou que Rio Branco será a sede da próxima reunião anual do GCF.

“É com muito orgulho que afirmo que o Acre é um dos protagonistas nesse novo tempo de consciência e compromisso com o meio ambiente. Mantemos 85% de nossa cobertura florestal preservada e somos pioneiros na criação de um Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais, o Sisa, que promove políticas climáticas sustentáveis e inclusão social”, disse o governador bolsonarista à época do anúncio.

“Anunciar Rio Branco como sede da próxima reunião do GCF é uma honra para o nosso estado, e continuamos na liderança de uma agenda global voltada para a conservação da Amazônia e a promoção de uma nova economia verdadeira.”

O GCF é uma força-tarefa internacional composta por estados subnacionales, ou seja, os governos regionais. Criada em 2008, ela é composta por 38 estados e províncias do Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru.

O desmatamento na Amazônia

A Amazônia teve em novembro o sexto mês consecutivo de aumento nas taxas de desmatamento. As áreas desmatadas passaram de 116 km² em novembro de 2023 para 164 km² no mesmo mês neste ano, uma alta de 41%.

Sede da próxima Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 30, o Pará liderou tanto o raking de desmatamento quanto o de degradação em novembro. O estado desmatou 95 km² de florestas (58% do detectado na Amazônia) e degradou 1.118 km² (39% do registrado na região). Dos 10 municípios com as maiores áreas desmatadas em novembro, nove ficam no Pará.

Em segundo lugar no ranking de desmatamento está Mato Grosso. O estado desmatou 23 km² de florestas (14% do detectado na Amazônia) e degradou 737 km² (26% do registrado na região). Após meses sucessivos de alta, o Acre apresentou considerável redução no tamanho da floresta derrubada. Dos 10 km2 desmatados em novembro de 2023, caiu para 6 km2 no mês passado.

O que diz o governo

Procurado por Varadouro, o governo do Acre afirmou que leva em consideração para as suas análises de desmatamento apenas os dados elaborados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), De acordo com a nota, os fatores que contribuem para essa elevação são “a invasão de terras publicas para expansão das atividades ilegais de agropecuária, assim como a exploração ilegal de madeira.”.

“Ao longo do ano, o estado deflagrou duas grandes operações: Operação Contenção, realizada no 1º semestre de 2024, e a Operação Sine Ignis no 2º semestre, ambas atuações se deram, de forma integrada com os órgãos estaduais e federais de meio ambiente e segurança, que atuaram em todo o estado, em todas as classes fundiárias do estado.”

“O Governo do Estado do Acre apresentou uma redução estimada de 25,45% nos índices de desmatamento na Amazônia. No comparativo, a taxa saiu de 601 km² (2023) para 448 km² (2024), segundo dados oficiais do Inpe. Os dados são referentes ao período de 1º de agosto de 2023 a 31 de julho de 2024.”

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