Causa mais provável pode ser o baixo nível de concentração de oxigênio nas águas, ocasionado pelo volume crítico de vazante e as altas temperaturas. Análises não são conclusivas. Em 2024, rio Acre registrou a segunda maior cheia da história na capital, e o volume mais baixo em 50 anos.
dos varadouros de Rio Branco
Uma avaliação preliminar realizada ao longo de 27,5 quilômetros do rio Acre, desde o bairro da Base, na região central de Rio Branco, até a zona rural do Quixadá ndica que a mortandade de peixes, registrada no começo de outubro, pode ter ocorrido por conta da redução do nível de oxigênio presente na água. É o que apontam os resultados dos exames de amostras da água recolhidas pela Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto de Meio Ambiente (Imac), divulgados ontem, 21, pelo governo.
Com base nas amostras e dados coletados, evidenciou-se como possível causa da mortandade de peixes a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido na água (94,01mg/l e 3,85mg/l, respectivamente) que, mesmo após cinco dias da ocorrência do evento, ainda se encontrava abaixo dos limites aceitáveis pela legislação nos pontos de amostragens localizados na região do Quixadá.
O baixo volume do manancial agravado pelas elevadas temperaturas da época, podem ter contribuído de forma direta para a baixa oxigenação da água. Os primeiros peixes mortos foram encontrados na confluência do rio Acre com o igarapé Judia. Especialistas consultados por Varadouro, naquela ocasião, também apontaram a alta concentração de dejetos oriundos do despejo de esgoto sem tratamento – tanto no igarapé quanto no rio – como possíveis causas para a mortandade.
“Na semana de ocorrência do evento de mortandade, Rio Branco registrou altas temperaturas, sendo a máxima de 38,90ºC no dia 3 de outubro, que antecedeu os primeiros casos de mortandade relatados por moradores. Em altas temperaturas, não só a solubilidade do oxigênio [capacidade de se dissolver na água] é reduzida, como a demanda metabólica de oxigênio é aumentada, podendo trazer consequências graves à população de peixes, que se mostram vulneráveis às variações climáticas”, diz trecho da nota técnica.
Em 2024, o rio Acre registrou os níveis mais baixos da história ao longo de seu leito. Na capital, ele alcançou o recorde de vazante de 1,23m, em 21 de setembro. Ano após o manancial vem sendo impactado pelos eventos climáticos extremos. No começo do ano, uma grande alagação (a segunda maior da história) impactou os municípios do Vale do Acre.
A “presença de material particulado suspenso no corpo d’água, em virtude da recirculação da coluna d’água, após a chuva, promovendo o surgimento de partículas do fundo para as camadas mais superficiais, podendo ter causado a obstrução das vias branquiais, dificultando a respiração dos peixes”, também contribuiu, segundo essa avaliação, com a morte dos animais.
Essa análise não é conclusiva e a nota técnica assinada por servidores estaduais e da Universidade Federal do Acre lamenta a falta de laboratórios com capacidade para assegurar exames mais detalhados do fenômeno que matou quantidade expressiva de peixes entre os dias 4 e 6 de outubro. (Com informações da Agência de Notícias do Acre)