DESCASO COM A SAÚDE

Compartilhe

Lideranças denunciam condições ruins da Casai Rio Branco

Casai Rio Branco: denúncias frequentes sobre falta de estrutura e acolhida ruim aos povos indígenas (Foto: Secom – Acre)




Com investimentos de R$ 2 milhões, casa de passagem passou por reformas e “melhorias” entregues há dois meses, entretanto os problemas persistem. Goteiras e pedaços da estrutura do teto que desabam sobre pacientes são alguns dos relatos. IIndígenas afirmam que perdem suas consultas e exames por falta de compromisso dos gestores responsáveis pela unidade.

Fabio Pontes
dos varadouros de Rio Branco


Indígenas que estão em tratamento de saúde na capital denunciam as péssimas condições de estrutura e de funcionamento da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Rio Branco, a Casai Rio Branco. As reclamações vão desde a falta de assistência por parte da equipe gestora nas ações de atenção e atendimento, as demoras na realização de consultas e exames, as condições de insalubridade e a falta de uma alimentação de qualidade servida aos povos indígenas.

Localizada na Estrada da Sobral, próximo ao Ceasa, a Casai tem como objetivo acolher os indígenas que vêm a Rio Branco para realizar tratamentos de média e alta complexidade nas unidades hospitalares da cidade. A sua administração é de responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Purus. Todavia, a Casai recebe indígenas não apenas da jurisdição do Dsei, mas de todo o Acre, além do sul do Amazonas e noroeste de Rondônia.

Não é de hoje que existem denúncias sobre as condições ruins de funcionamento da Casai Rio Branco. Muitas já foram as denúncias e reivindicações de melhorias, mas o cenário parece não mudar. Por atender a uma grande quantidade de territórios, a casa, muitas das vezes, também enfrenta o problema da superlotação.

“De há muito tempo vem acontecendo isso e ninguém tá falando nada. Os assessores indígenas que foram contratados também não vão lá, não participam. Tá precária a situação da Casa do ìndio. Nós não estamos aguentando a situação que os pacientes estão passando lá”, afirma a liderança Letícia Yawanawa, que na última sexta, 15, levou a imprensa até a Casai para expor a situação.

Em 2022, durante visita ao Acre, o então ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou investimentos de R$ 2,1 milhões em obras de reforma e ampliação da Casai Rio Branco. Ao todo, seriam R$ 656,4 mil destinados para ampliação e R$ 1,4 milhão para as reformas da unidade. Parte dos recursos teve origem em emenda apresentada pela então senadora Mailza Assis (PP), hoje vice-governadora.

“A reforma prevê ampliação de um bloco administrativo, melhorias nas estruturas de alojamento comum e de isolamento, além das salas de atendimentos de saúde. Com as obras, será possível sanar problemas de climatização, vazamentos e outros detalhes nos banheiros interditados, além de melhorar a cozinha”, anunciava a nova oficial.

A “nova” Casai foi entregue há pouco mais de dois meses, mas os velhos problemas persistem, como as goteiras e a estrutura ruim do teto. Antes, o último investimento nas melhorias de infraestrutura do espaço tinha ocorrido em 2014. No Brasil, a gestão da saúde dos povos indígenas é atribuição da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

A falta de manutenção leva ao crescimento da vegetação no entorno, deixando as pessoas expostas a animais peçonhentos e muitos mosquitos. Nesta época de chuvas, o ambiente fica ainda mais agravado, com o risco de pacientes em tratamento de saúde contraírem dengue. Os pacientes ainda reclama da falta de manutenção dos banheiros, que sempre “estão fedorentos”

Muitos pacientes reclamam que perdem as suas consultas e a realização de exames por não serem informados pela equipe de enfermagem sobre as datas agendadas. A falta de transporte que os leve até as unidades hospitalares também agrava o cenário, além da falta de medicamentos prescritos pelos médicos.

Ao perder as datas agendadas, é preciso fazer um novo agendamento, e os pacientes voltam para as últimas posições das filas de consultas e exames, aumento o tempo de permanência na Casai sem receber o tratamento médico adequado. Há, ainda, relatos das condições ruins da comida servida. Numa das fotos, é possível ver uma mosca morta num dos pratos servidos.


Outro lado

Varadouro tentou entrar em contato com os coordenadores do Dsei Alto Purus, mas não obteve sucesso. A jornais locais, a direção informou que avaliará o caso internamente.

Logomarca

Deixe seu comentário

VEJA MAIS

banner-728x90-anuncie