Falta de chuvas também coloca em risco o serviço de fornecimento de água para cidades do interior de Rondônia; comunidades rurais e ribeirinhas são atendidas por meio de caminhões-pipa para não ficarem sem água, já que poços estão secando. Na capital, rio Madeira está na marca de 1,21 metro.
Francisco Costa
Dos varadouros de Porto Velho
No fim de setembro deste ano, a Agência Nacional de Águas (ANA) já tinha declarado “escassez quantitativa dos recursos hídricos no Rio Madeira” por meio de uma resolução (N° 164), publicada no Diário Oficial da União. Desde então, a estiagem continua intensa, secando rios, ameaçando a vida de animais e desabastecendo comunidades nos centros urbanos, rural e afetando os povos tradicionais da Amazônia. O vento arrastou nuvens de fumaça tóxica das queimadas para dentro das cidades, e o calor ficou semelhante ao deserto do Saara com altas temperaturas e uma baixa umidade relativa do ar – para os padrões amazônicos.
De acordo com a ANA, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a cota do Rio Madeira atingiu o menor nível em 56 anos de monitoramento, agravado pelo fenômeno El Niño. Dados coletados de junho a setembro por instituições pluviométricas e centros de meteorologia estaduais na região Norte do país confirmam essa situação alarmante.
De acordo com dados do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), na manhã deste sábado (14) o rio Madeira registrava a marca de 1,21m, em Porto Velho. Ao longo da semana, ele chegou a ficar abaixo de um metro e vinte. Um nível jamais registrado em cinco décadas de aferições.
Em Rondônia, o governo estadual, por meio da Companhia de Águas e Esgotos (Caerd), adotou rodízio no fornecimento de água devido às dificuldades na captação de água do Madeira. “Estamos operando nossos equipamentos de captação e bombeamento em condições extremamente desafiadoras, demandando esforços adicionais para manter o abastecimento. Em várias regiões do estado, a produção de água já reduziu significativamente, chegando a quedas de até 40% devido à estiagem”, destacou o diretor técnico operacional, Lauro Fernandes.
Para mitigar os efeitos da crise em Porto Velho, a empresa está utilizando caminhões-pipas para transportar água das estações de tratamento para áreas mais afetadas pela estiagem. Além disso, comunidades remotas abastecidas por poços tubulares profundos, que estão produzindo menos água devido à redução do lençol freático, também estão recebendo assistência por meio de carros-pipas.
“Em Porto Velho, priorizamos o fornecimento regular de água a entidades e instituições que prestam serviços essenciais, como unidades de saúde, escolas e órgãos públicos, para garantir seu funcionamento adequado, apesar das adversidades no abastecimento de água”, declarou o diretor.
No interior, onde a redução dos níveis dos rios que abastecem os principais municípios também secaram, o fornecimento de água passou a ser feito em dias alternados. “A captação nos rios Palmeiras, que abastece Espigão do Oeste; no rio Araras, que atende a comunidade de Cerejeiras; e no rio Urupá, que abastece Ji-Paraná, ocorre com grandes desafios. Contudo, a equipe operacional da Caerd está empenhada em garantir o abastecimento”, destacou Brancalhão.
A situação é considerada crítica e não há previsão de suspensão do rodízio se não houver chuvas. O estado orienta que a população faça racionamento. “Nesse momento crítico, pedimos à população que faça uso responsável da água, evitando atividades supérfluas. Ainda enfrentaremos os meses de outubro e novembro, portanto economizar água é fundamental”, concluiu.
“Estamos em um momento crítico, por isso, pedimos à população que utilize água o necessário, evitando atividades que não sejam necessárias. Temos ainda os meses de outubro e novembro pela frente, então, vamos economizar”, finaliza Brancalhão.
Para solicitar o serviço de fornecimento de água, os clientes da Caerd podem entrar em contato com o chatbot (69) 99962-9192.