AMACRO SOB INTERVENÇÃO POLICIAL

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PF e ICMBio realizam operação na Resex Arapixi, em Boca do Acre



Esta é a segunda operação policial de combate a crimes ambientais em UCs federais na região Amacro, a nova zona do desmatamento na Amazônia

Varadouro – Rio Branco

A Polícia Federal, em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), deflagrou nesta terça-feira, 25, a operação Bertholletia dentro da Reserva Extrativista (resex) Arapixi, localizada no município de Boca do Acre (AM). A unidade de conservação está entre uma das mais impactadas pelo avanço dos crimes ambientais na tríplice divisa do Amazonas, do Acre e de Rondônia – a conhecida Amacro. Entre os crimes investigados estão o roubo de madeira e a grilagem de terras públicas.

Com uma área de 134 mil hectares, a Resex Arapixi foi criada em junho de 2006. Ela encontra-se numa região bastante pressionada pelo avanço da agropecuária, da extração de madeiras nobres e da grilagem. De acordo com dados do Inpe, entre 2011 e 2022, a UC federal teve desmatada uma área de 13 quilômetros quadrados. As pressões acontecem tanto pelo lado do Amazonas, quanto do Acre, a partir do município de Porto Acre. A abertura ilegal de ramais facilita a entrada de invasores para a prática de crimes ambientais.

A criação da Resex Arapixi tinha como objetivo principal proteger toda essa área de floresta que ainda se mantém de pé, além de garantir segurança às famílias tradicionais que vivem no seu interior. Conforme o último Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do Mapbiomas, a zona Amacro concentrou, apenas em 2022, 11,3% de toda a área desmatada no Brasil. A tríplice divisa se consolidou, ao longo dos últimos quatro anos, como a nova fronteira do desmatamento da Amazônia e do país. Nem mesmo áreas federais protegidas escaparam da ação dos criminosos.

Segundo os dados do Mapbiomas, o desmatamento na região, entre 2019 e 2022, foi de 759 mil hectares. O ano eleitoral de 2022 foi o pior, com 231 mil hectares de Floresta Amazônica devastada. De acordo com o RAD, cinco estados concentram mais da metade da área devastada do país ao longo do ano passado; entre eles, o Amazonas, onde está a Resex Arapixi.

A Amacro é um projeto político dos três governadores bolsonaristas do Acre, Amazonas e Rondônia, cujo objetivo é criar uma zona de desenvolvimento integrada para o agronegócio, replicando aqui o modelo do Matopiba – formado por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Assim como o Amacro, Matopiba é outra região de elevada concentração do desmatamento no país. Na prática, a “Matopiba amazônica” nunca saiu do papel, ficando apenas um rastro de devastação.

Esta é a segunda operação da PF na região Amacro em um mês. Em 25 de junho, policiais federais e agentes do ICMBIo estiveram na vizinha Floresta Nacional do Iquir, também em Boca do Acre. Tanto quanto a Resex, a Flona do Iquiri é impactada pelo avanço da agropecuária, a grilagem e o roubo de madeira.

Para realização da operação, a Polícia Federal e o ICMBio contaram com o emprego de avançadas geotecnologias de sensoriamento remoto e utilização de imagens satelitais de alta resolução espacial e temporal. Tais ferramentas possibilitam atuação precisa e eficaz dos órgãos federais na identificação de pontos de ocorrência de crimes ambientais, possibilitando melhor atuação na desintrusão de invasores e desestruturação da infraestrutura empregada para cometimento dos ilícitos.

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