Análises feitas pelo Imazon a partir da inteligência artificial apontam que o estado tem 685 km2 de cobertura florestal com chances de serem derrubados. Destes, quase metade é de risco médio. Entre as UCs da Amazônia Legal, a Resex Chico Mendes tem a segunda maior área com potencial de desmatamento: 71, 55 km2.
dos varadouros de Rio Branco
Após registrar níveis recordes de desmatamento entre 2019 e 2022, e um considerável recuo de 2023 ao primeiro semestre de 2024, o Acre voltou a conviver com taxas alarmantes de devastação em sua cobertura florestal. E se nada for feito de concreto nos próximos meses, o estado pode ter um 2025 ainda mais desastroso. É o que aponta a plataforma de inteligência artificial PrevisIA, desenvolvida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Conforme estas análises, a área de Floresta Amazônica desmatada no Acre ao longo do próximo ano pode chegar a 683 km2. O estado só fica atrás do Pará, Amazonas e Mato Grosso. Recentemente, o Acre superou Rondônia em seus níveis de devastação.
Em toda a Amazônia Legal, conforme a PrevisIA, o desmatamento em 2025 pode alcançar uma área de 6.531 km2 – um aumento de 4% na comparação com 2024. A estimativa da ferramenta segue o chamado “calendário do desmatamento”, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, assim como os dados oficiais do governo federal.
Conforme o Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram devastados 6.288 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, uma queda de 31% em relação a 2023. As análises feitas pela PrevisIA têm 75% de probabilidade de acerto.
Dos 683 km2 de cobertura florestal sob risco de desmatamento no Acre, 363 km2 são de risco médio; outros 34,54 km2 estão sob alto potencial de serem derrubados, enquanto 222 km2 são de risco baixo. Entre as unidades de conservação de todo o bioma amazônico, a Reserva Extrativista Chico Mendes possui 71,55 km2 sob risco de desmatamento, sendo 33,72 km2 de risco médio. Nos últimos anos, a UC federal, localizada no sudeste do Acre, figura entre as recordistas em áreas derrubadas.
“Além de poder ajudar na estratégia nacional de combate ao desmatamento, a PrevisIA também pode auxiliar os governos estaduais e municipais a protegerem suas florestas, já que oferece um mapa das áreas de risco inclusive com informações de estradas e de Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos”, afirma Carlos Souza Júnior, pesquisador do Imazon e coordenador da PrevisIA.
Atualmente, a plataforma é usada pelos ministérios públicos de quatro estados da Amazônia Legal para basear estratégias de proteção da floresta: Pará, Amazonas, Mato Grosso e Acre. O Ministério Público do Pará, por exemplo, pretende liderar uma ação de conscientização para a prevenção do desmatamento a partir dos dados da PrevisIA.