Por Valdemar Matos Paula
O trocadilho trago no título do texto sobre a sigla da 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa de Clima e Florestas dos Governadores (GCF Task Force), serve para refletir a respeito de um evento que deveria simbolizar o compromisso com a preservação ambiental e o combate às mudanças climáticas. No entanto, o encontro terminou em protestos e confrontos, evidenciando a crescente insatisfação da população com as políticas ambientais do estado.
O Acre, que já foi referência na luta contra o desmatamento, enfrenta atualmente desafios significativos. Segundo dados do MapBiomas, mais de 14% do território acreano foi convertido em pastagens, colocando o estado entre os que mais desmataram na Amazônia Legal.
A pecuária extensiva e a expansão agrícola têm sido os principais vetores dessa degradação ambiental. Pesquisadores como Foster Brown, da Universidade Federal do Acre, alertam para os impactos dessa destruição. Estudos indicam que a poluição ambiental no estado pode reduzir a expectativa de vida dos acreanos em até quatro anos. Além disso, o desmatamento compromete o ciclo das chuvas e aumenta a frequência de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes.
O recente episódio durante a reunião da GCF Task-Force reflete a desconexão entre as políticas ambientais promovidas e a realidade enfrentada pelas comunidades locais. Enquanto discursos oficiais destacam compromissos com a sustentabilidade, na prática observa-se o avanço do desmatamento e a marginalização de populações tradicionais.
É fundamental que o Acre retome seu papel de liderança na conservação da Amazônia, implementando políticas eficazes de proteção ambiental e valorizando o conhecimento das comunidades locais. A preservação da floresta não é apenas uma questão ecológica, mas também de justiça social e sobrevivência para as futuras gerações.
Como disse Foster Brown: “Precisamos entender a lógica do equilíbrio ecológico, a responsabilidade coletiva, o respeito à Natureza e fazer deste processo uma solução rápida, dadas as tendências atuais de alteração.”
O tempo de agir é agora!!
*Valdemar Matos Paula
Biólogo, Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia pela Rede Bionorte UFPA/UFAC.
Colaborador em estudos sobre Mudanças Climáticas na Amazônia-Acreana.
Atuando em estudos de Conservação e Biodiversidade de Saberes Tradicionais Associados à Biodiversidade.
vldmrmatos@gmail.com