A fonte luminosa dos tempos idos

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No coração de Rio Branco, entre a história e as noites estreladas, ergue-se a majestosa Fonte Luminosa, um símbolo brilhante do passado, presente e futuro da cidade. Concebida nos anos dourados de 1950 pelo visionário Major José Guiomard, esta obra governamental é uma ode à grandiosidade e à visão de um líder que buscava encher os corações dos rio-branquenses de orgulho.

A Fonte Luminosa não é apenas um monumento, mas um testemunho do espírito resistente e da determinação da comunidade. Seu esplendor, exibido na praça do palácio do governo, transformava o local no principal ponto de encontro das famílias acreanas nos tranquilos domingos à noite, após as fervorosas novenas na imponente Catedral Nossa Senhora de Nazaré. Isso nos tempos idos.


À medida que o Sol se erguia para além do horizonte e a noite se aproximava, a Fonte Luminosa assumia vida própria. Funcionando como um chafariz encantado, ela desenhava no ar jatos d’águas luminosos e coloridos, criando espirais perpendiculares que se entrelaçavam de forma harmoniosa. Era um espetáculo de luz e água, uma dança efêmera que desafiava o tempo e a escuridão.


A trilha sonora dessa jornada noturna era fornecida pela retreta da Banda de Música da Guarda do Estado, que se posicionava ao lado da fonte. Cada nota ressoava pelas paredes da praça, acrescentando uma dimensão única ao espetáculo. Os músicos, herdeiros de uma tradição que transcendia gerações, eram os maestros da atmosfera, guiando os espectadores por um passeio sensorial inigualável.


Ao som da banda a tocar, moças de braços dados desfilavam no calçadão, transformando a praça em uma passarela iluminada. Seus olhares se perdiam na dança das águas, enquanto escolhiam, com um misto de timidez e entusiasmo, um rapaz que destacava entre a multidão. Era um jogo encantador, onde a Fonte Luminosa servia como testemunha silenciosa do flerte e da alegria que permeavam essas noites especiais.


A história da Fonte Luminosa é mais do que uma narrativa de concreto e água; é um capítulo vivo na crônica da cidade, uma expressão tangível do amor e da identidade da comunidade. Enquanto as águas dançavam ao ritmo da música, a Fonte Luminosa continuava a iluminar os corações dos rio-branquenses, mantendo-se como um farol que guiou as gerações para um futuro repleto de memórias e tradições.

(Fotografia: Marcos Vicentti/Secom)




Nascido nos seringais de Xapuri, Pitter Lucena é jornalista e escritor. Deu os primeiros passos nos varadouros das letras no início da década de 80, quando estudou Teologia dentro do projeto das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica no Acre. Em 1985 entrou para o mundo do jornalismo. Trabalhou como repórter nos jornais Folha do Acre, O Rio Branco, A Gazeta e A Tribuna, além das emissoras de TV. Em 2003 ganhou o prêmio de jornalismo José Chalub Leite por reportagens sobre o esquadrão da morte no Acre. É bacharel em Comunicação Social, jornalismo, pelo Instituto de Educação Superior de Brasília – Iesb.

pitter.lucena@gmail.com






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