Dos varadouros de Rio Branco
Um incêndio florestal está há pelo menos duas semanas ocasionando grande destruição e impactos para as comunidades indígenas dos povos Katawixi e Madijá (Kulina), cujas as aldeias ficam dentro da Reserva Extrativista (Resex) do Baixo Juruá, no município amazonense do Juruá. Moradores da região dizem que o fogo é de origem criminosa, mas não sabem dizer quem teria sido o responsável. As chamas se iniciaram nos arredores da comunidade Cumaru, e se estende até a comunidade do Branco.
Sem assistência oficial, os próprios Kulina e Katawixi tentam controlar o incêndio. A falta de chuvas, o clima seco e as temperaturas altas, todavia, dificultam os trabalhos. Por o fogo estar numa área de difícil acesso, o combate aos focos também fica prejudicado.
A Resex Baixo Juruá fica localizada às margens do rio Andirá, e é compartilhada pelas comunidades ribeirinhas e indígenas que tradicionalmente ocupam a região. Uma força-tarefa entre ribeirinhos e os povos indígenas foi criada para conter o incêndio. A falta de equipamentos adequados dificultam os trabalhos. A abertura de aceiros tem sido a forma mais utilizada, mas a ação do vento acaba por mudar a direção do fogo, elevando os impactos.
Nos últimos anos, o Baixo Juruá vem sendo alvo da ação de garimpeiros. Em junho de 2022, lideranças denunciaram a entrada de uma grande balsas de garimpo pelo rio Andirá para fazer possíveis prospecções de ouro na região. O Baixo e o Médio Juruá configuram como uma das áreas mais bem preservadas da Amazônia Occidentaal.
A gestão da Resex Baixo Juruá é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que enviou equipamentos para auxiliar a comunidade. Por oficialmente não ser uma terra indigena demarcada, os Kulina e Katawixi ficam inviabilizados de pedir ajuda à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).