AERO TÓXICO

Compartilhe

Famílias denunciam despejo de agrotóxico sobre floresta e igarapé em Acrelândia



Imagens enviadas à reportagem pelos agricultores que reivindicam a posse da área em disputa revelam os impactos ocasionados pelo crime ambiental. Árvores estão com as folhagens secas ou já perdidas. Região é alvo de conflito entre descendentes de seringueiros e grandes fazendeiros.




dos varadouros de Rio Branco


Um grupo de famílias que ocupam uma área de terra em disputa no ramal do Granada, em Acrelândia, denunciou ao Varadouro o despejo de veneno com o uso de drones sobre as matas e um igarapé. Segundo os relatos, o agrotóxico foi jogado pelos proprietários de uma fazenda que faz parte da disputa judicial pelas terras travada desde o fim do ano passado. A região formava o antigo Seringal Porto Luiz. Parte das famílias que reivindicam o reconhecimento da posse pelo Incra são descendentes dos seringueiros expulsos da região entre as décadas de 1970 e 1980 com a chegada dos “novos donos do Acre” – os latifundiários.

De acordo com o relato dos agricultores, drones foram vistos na semana passada sobrevoando a área de mata pulverizando veneno. O agrotóxico, de acordo com eles, atingiu a floresta e um igarapé.

Imagens aéreas enviadas pelos posseiros mostram os impactos do crime ambiental praticado pelos fazendeiros. Nelas, é possível constatar árvores sem a folhagem ou com ela completamente seca, sem vida. “Tudo o que é árvore das grandes já está morta”, diz uma das fontes que pediu anonimato por questão de segurança.

Ainda é possível observar que a área de floresta mais atingida fica às margens do pasto e do ramal. Esta é uma estratégia comum praticada na região. Ao despejar o veneno sobre a mata, consegue-se ampliar a pastagem sem a necessidade do “desmatamento clássico”, com o uso de motosserras. Com a perda da vegetação pelo veneno, o proprietário pode justificar a ampliação da pastagem por conta da “morte natural” das árvores.



Por muita sorte a produção dos posseiros que sobrevivem da agricultura familiar não foi atingida. Em janeiro, as pouco mais de 60 famílias da comunidade do Granadinha retomaram a ocupação, após terem sido expulsas a mando da Justiça. Os fazendeiros obtiveram um mandado de reintegração de posse expedido pela comarca de Acrelândia. As famílias descendentes de seringueiros dizem que as terras pertencem à União e exigem serem assentadas pelo Incra.

Em dezembro, Varadouro visitou a comunidade do Granadinha para produzir a reportagem Seringueiros sem Seringal. O município de Acrelândia está localizado no “coração” da tríplice divisa Amacro: Amazonas, Acre e Rondônia.

Dentro do estado registra o maior número de casos de conflito por terra. Assim como as disputas no sul do Amazonas, há denúncia de uso de policiais atuando como jagunços dos fazendeiros. O governo Gladson Cameli (PP), maior incentivador do agronegócio acreano, diz desconhecer esta realidade.

Logomarca

Deixe seu comentário

VEJA MAIS

banner-728x90-anuncie