Amazonas consegue controlar queimadas que devastaram estado

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Dos varadouros de Manaus


Após os moradores de Manaus e das cidades do entorno – que formam a região metropolitana – terem passado os primeiros dias de outubro convivendo com a intensa fumaça tóxica das queimadas, enfim o Amazonas parece ter controlado os focos de queimadas e incêndios florestais. Ao menos é isso o que afirma a presidência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Desde o início do mês, as equipes de brigadistas do Ibama, ICMBio e Bombeiros atuam no combate às queimadas no Amazonas, principalmente nos municípios de Autazes, Careiro da Várzea, Careiro, Iranduba e Manaquiri, onde ocorreram os primeiros incêndios florestais que deixaram Manaus encoberta por uma densa nuvem de fumaça.

No total, 270 brigadistas se dividem em seis Bases Avançadas nos municípios mais críticos em registro de queimadas. Em Careiro há um Posto de Comando no Auditório Memorial das Vítimas da Covid-19. As outras bases estão em Apuí/Humaitá, no PA Maria Auxiliadora e na Terra Indígena Tenharim/Marmelos. Helicóptero e viaturas do Instituto fazem o monitoramento por céu e terra para registrar os incêndios na região.

Na primeira semana de trabalho foram registrados 1.417 focos de calor, já a terceira registrou 315 focos; uma redução de 78%. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As análises dos satélites mostram que nessas localidades houve redução dos focos de calor desde que a Operação Amazonas 2023 se intensificou.

Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a redução das queimadas tem relação direta com o combate ao desmatamento. “Quase 74% dos focos de incêndio no Amazonas ocorreram em áreas já desmatadas e 55% em áreas recém-desmatadas. Para nós, a principal estratégia para combater focos de incêndio é combater o desmatamento”, diz Agostinho.

“Nós estamos fazendo ações de fiscalização, e as áreas desmatadas ilegalmente serão todas embargadas. Estamos falando de um total agora, na Amazônia, de aplicação de multas que já chegam a quase três bilhões de reais”, afirma o presidente do Ibama.

A Força Aérea Brasileira (FAB) contribuiu para o envio de parte dos brigadistas ao estado. No dia 15 de outubro, uma aeronave levou 58 brigadistas até Manaus. O voo partiu de Brasília no dia 15 de outubro, levando reforço humano e material. Na bagagem, kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que foram doados ao governo do Amazonas para serem distribuídos aos brigadistas do estado.

Um árduo combate ao fogo

Os brigadistas do PrevFogo combateram dois focos de incêndios florestais logo que chegaram ao Amazonas, no início do mês. A primeira foi em uma Unidade de Conservação Estadual, localizada às margens do rio Negro, no município de Iranduba. A área já estava queimando havia vários dias e, após a chegada da equipe,, as chamas foram contidas em quatro dias de trabalho. A outra região que teve o fogo controlado foi no município de Careiro, no projeto de assentamento Panelão.

“Nesses dois casos os incêndios foram criminosos. Alguém colocou fogo. Fogo não surge de repente, há uma intenção que precisa ser investigada pelo poder público”, avalia o coordenador da Operação Amazonas 2023, Kurtis Bastos.

Durante o trabalho das equipes, não foi constatado que os incêndios tenham ocorrido por ações da natureza, como raios. A maioria se deve ao desmatamento ilegal para a criação de gado em terras da União, terras demarcadas, Terras Indígenas e em unidades de conservação. Já a segunda está relacionada à falta de cuidado do manejo do fogo em áreas usadas para o cultivo de pequenas agriculturas.

Para o presidente do Ibama, a floresta é vítima de ações organizadas e repetidas. “As pessoas derrubam a floresta, que é úmida, e esperam ela secar para queimá-la. A floresta tenta se regenerar, queimam no ano seguinte. Ela se regenera novamente, queimam no terceiro ano. Normalmente, são de três a cinco anos de queimadas na mesma área para que haja a limpeza completa e o fim da floresta naquele local”, explica Rodrigo Agostinho.

Esses fatores, associados à estiagem e às altas temperaturas ocasionadas pelo reflexo do fenômeno El Niño, contribuíram para o aumento no número de incêndios florestais no Amazonas em 2023. Antes concentrada nos municípios localizados mais ao sul do estado, como Boca do Acre, Lábrea e Humaitá, agora as queimadas passam a ocorrer com mais incidência na parte norte, em especial na zona de influência da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho.

De acordo com os dados do Inpe, já foram registrados em toda a Amazônia Legal, em 2023, 96.315 focos de calor. O Pará ocupa a primeira posição (26.925 F), seguido pelo Amazonas (18.090 F), Mato Grosso (16.334), Maranhão (10.750 F), Tocantins (8.730 F), Acre (6.211 F), Rondônia (6.142 F), Roraima (1.813) e Amapá (1.319). Na comparação com igual período do ano passado, a redução dos focos de queimadas na Amazônia apresenta redução de 23%.

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